No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Gênesis 1:1-2.
Assim como todo o primeiro capítulo de Gênesis, esta passagem não só tem um sentido literal, como nos apresenta a função do Espírito Santo de livrar o homem da sua desordem interior para trazê-lo das trevas para a luz.
Tudo era caos e trevas. Deus é o Deus de luz e ordem. As trevas e a confusão não podem viver em Sua presença, quer encaremos o fato sob o ponto de vista físico, moral, intelectual ou espiritual.
Deus criou o homem perfeito, mas pela desobediência este caiu e passou a servir a Satanás. Por causa de um, todos pecaram e perderam o brilho da glória de Deus.Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Romanos 3:23.
Como resultado, todos nós nascemos em profundas trevas. Em razão disto, se os nossos olhos não forem abertos para vermos a “Luz”, ainda que tivéssemos todo o conhecimento de Newton, bebido com avidez em todos os cursos da ciência humana, ainda que o nosso nome fosse adornado com todos os títulos que as escolas e universidades do mundo nos pudessem dar, por certo, continuaríamos sendo “filhos da noite”.
Mesmo tendo sido enriquecidos com todos os tesouros da filosofia e com todo o conhecimento das Escrituras, se não recebermos um toque resplandecente do Sol da justiça estaremos ainda envoltos nas trevas da noite espiritual: somos “filhos das trevas, filhos da noite”.
E, se morrermos nestas condições, ficaremos na escuridão e horror de uma noite eterna. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Mateus 13:49-50.
Mas, para aquele em quem resplandeceu a Luz da vida, e recebeu a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo, seja quem for e onde se encontrar, este é “filho da luz, filho do dia”.
Pode ser pobre, desprezado e iletrado; mas pela graça de Deus pertence ao reino do Filho do Seu amor. É, na realidade, um filho do dia, e está destinado a brilhar num mundo tenebroso. Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo. Filipenses 2:15.
Os nossos primeiros pais negaram o amor, a verdade, a justiça e a santidade de Deus. A confiança na verdade e no amor de Deus deu lugar à mentira de Satanás. Assim, tudo foi perdido quando creram na mentira de Satanás, afirmando que Deus estava escondendo algo deles.Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Gênesis 3:4-5.
Os nossos primeiros pais, pela desobediência, morreram espiritualmente, e esta morte passou a todos os homens. Por isso, a ênfase do nosso Senhor Jesus Cristo é: “Necessário vos é nascer de novo”.
O pecado não cede mediante a aplicação de algum medicamento tirado da terra. O homem tem esgotado todos os seus recursos; tem lavado com lágrimas as suas feridas; tem bebido com ardor a taça de autossacrifícios.
Mas, em coisa alguma tem encontrado o menor alívio para a sua miséria. Um culto religioso cumprido com amor é um indicio de saúde, porém não pode dar a paz de espírito. Não há medicina humana capaz de dar saúde à alma.
O fim do pecado é a morte eterna. A pedra que rola no precipício só se detém no seu fundo; o rio que desce da montanha só pára quando chega no oceano. Do mesmo modo, o pecado se precipita diretamente no abismo do inferno.
Por isso, todo socorro só pode vir Daquele que foi levantado da cruz, morto, sepultado e ressuscitado ao terceiro dia. Em Cristo, somente em Cristo, encontramos a total suficiência. Nele temos abundância de vida.
O Senhor Jesus Se apresentou voluntariamente para fazer a vontade de Deus e glorificar o Seu nome. E Ele, pelo Espírito eterno, ofereceu-Se imaculado a Deus para revelar a graça e a verdade.
A verdade revela Deus como Ele é. Porém, esta verdade está ligada à revelação da perfeita graça. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai. João 1:14.
O nosso Senhor Jesus Cristo, cujo princípio de vida era obediência e consagração a Deus, e de Quem Deus pode dizer que achava Nele todo o Seu prazer, Se entrega totalmente para sofrer a morte – a morte debaixo do juízo de Deus – para exaltar o Seu nome.
Foi o sacrifício perfeito, porquanto Ele era perfeito em Si mesmo. Cristo foi o perfeito sacrificador: ofereceu-Se a Si mesmo de um modo perfeito. Ele foi o holocausto! Agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre. Hebreus 10:9-10.
A obra expiatória foi consumada, e Cristo “foi entregue por nossos pecados”, de maneira que, sobre o fundamento desta obra, Deus pode perdoar os pecados de todos quantos creem neste sacrifício e estão identificados com Ele.
No Calvário, ocorreu não só o perdão dos pecados cometidos, mas também a crucificação da fonte produtora de pecados. O nosso Deus, na morte de Cristo, não só remove a culpa dos pecados cometidos, mas a causa, a matriz – a natureza pecaminosa.
O valor da expiação se aplica ou é lançado à conta de todo aquele que, pela fé, aceita a sua inclusão no corpo do nosso Senhor Jesus Cristo. Mas também por causa de nós a quem há de ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação. Romanos 4:24-25.
A ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo mostrou que a obra expiatória estava consumada e, por esta obra, somos justificados e recebidos sem mácula diante do nosso Deus.
A ressurreição de Jesus foi o amém de Deus para a obra consumada por Ele, aqui na terra, em favor dos homens. Nada ficou para trás, tudo foi consumado. O brado dado por Ele na Cruz nos revela que tudo acabou. “Está feito, está consumado!”.
Deus olhou desde a Sua habitação eterna de luz para a imensidade assolada, e viu esta esfera na qual os Seus planos e desígnios maravilhosos seriam realizados e manifestados.
O Filho eterno havia ainda de viver, trabalhar, testificar, sofrer e morrer a fim de mostrar, à vista de mundos maravilhados, as perfeições gloriosas da Divindade.Fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra. Efésios 1:10.
“E a terra se tornou sem forma e vazia”. Aqui estava, em boa verdade, uma esfera na qual só Deus podia operar. “E o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.
Somente Deus pode fazer brotar vida, substituir o caos por ordem. “E disse Deus: Haja luz”. Quão simples! E, contudo, como isto é próprio de Deus! Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu. Salmos 33:9.
O nosso Senhor cumpriu tudo; Ele, somente Ele, satisfez a justiça eterna de Deus, e Ele só, calcou aos pés todos os obstáculos levantados pelo pecado e pelo inferno. Essa obra foi realizada de um modo cabal e glorioso.
A voz do céu disse: Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. Êxodo 14:15. Esta é a ordem para aqueles que confiaram no sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo: Marchem, olhem para o alto, para o céu.
É verdade que, enquanto estamos marchando, ondas furiosas sobrevêm, mas Aquele que venceu e está assentado à destra de Deus, nos guiará com segurança. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus, eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel. Isaias 41:10
A boa nova está contida nestas palavras: “Tudo está consumado”. O nosso Senhor Jesus morreu e ressuscitou para nos transportar do império das trevas para o reino da luz. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. I Pedro 2:9.
É Jesus quem derrama a graça e transforma o tanque de água estagnada em regato de água pura e cristalina. Ele cria um novo coração e nos dá um espírito reto e inabalável, Ele nos torna santos, tal como Ele é.
Ele faz nascer em nós a vontade de buscá-Lo. Ele é quem executa tudo em nós, por nós, e através de nós, conforme o Seu supremo propósito. Não há água de Mara tão amargosa como a vida daquele que não está em Cristo.
Também não há fonte alguma tão pura, saudável e doce como esta: Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. João 7:38.
Tudo começa de dentro pra fora, “do seu interior”. A vida cristã não é vivida sob regras, não é algo que vem de fora, por imposições, mas pelo princípio da vida. Alguém disse: não se pode viver a vida cristã, sem a vida cristã para viver.
E, este princípio da manifestação da vida de Cristo em, e através de nós, está ligado à confissão diária da nossa morte. Quando confessamos que morremos, estamos dizendo: Eu não posso.
Levando sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:10. Amém.