À BEIRA DO CAOS – Votação na Câmara pode afastar prefeito. Marinho tenta se salvar negociando com vereadores

23 maio, 2015

Ao que parece a administração municipal de Machadinho, que tem à frente o prefeito Mário Alves da Costa, o Marinho da Caerd (PV), está passando por um período de transição forçada. A gestão, ou “indigestão, como queiram, que há muito vinha tropeçando nos próprios atos equivocados e descaso com a população, está saindo do estágio entre ruim e péssimo para o caos total.  Não bastasse a instauração de uma comissão de investigação na Câmara Municipal, a atual administração municipal também está debaixo de forte investigação do Ministério Público do Estado de Rondônia.

Os vereadores, sob forte pressão popular, finalmente tomaram a atitude de defensores e fiscais do povo, função principal para as quais foram eleitos e além de investigar as possíveis irregularidades, quase todos se rebelaram contra o prefeito e podem votar o afastamento do chefe do executivo sob a alegação de não interferir nas investigações.

A fim de se manter no cargo, o prefeito Marinho da Caerd, em atitudes desesperadas, tenta nos bastidores políticos fazer negociatas com alguns vereadores para tentar se safar de uma possível votação de pedido de afastamento, que pode acontecer já na próxima sessão na Câmara Municipal. De acordo com informações colhidas, à Boca Pequena, nossa reportagem apurou que o prefeito está oferecendo secretarias e cargos em comissões (portarias) para que vereadores votem contrário ao seu pedido de afastamento e ainda que enterrem a comissão de investigação, que apura possíveis irregularidades na Secretaria Municipal de Obras e Saneamento Público (SEMOSP). As irregularidades teriam acontecido na gestão do ex-secretário Paulo Henrique Carvais Pimentel, o Paulinho da Obras.

O prefeito estaria negociando a volta de três vereadores que estão afastados do cargo, O objetivo seria garantir a rejeição da propositura do seu afastamento. Seriam eles: a vereadora Valnéria Mota (PDT), que está como Secretaria de Educação, do vereador Marcos Merenda (PTdoB), que responde interinamente pela Saúde e ainda tenta a volta do vereador Ronaldinho do Bec (PMDB), atualmente no DER. Com a volta dos titulares do cargos à Câmara Municipal, logicamente sob condições de interesse de cada um, deixariam as cadeiras os vereadores suplentes: João Aylton (PMDB), Messias Fernandes (PHS) e Flávio Leite (SD). Os três votaram pela abertura da investigação e declararam abertamente oposição ao prefeito. Com eles no cargo estaria praticamente sacramentado o afastamento do prefeito.

Também estariam sendo negociados os votos dos vereadores Nego Toledo (PSDC) e Nilton Dutra (PTB). De acordo com as informações os dois seriam contemplados com indicações na secretaria de Obras, podendo apontar o secretário titular e o adjunto. Nomes dos possíveis nomeados já teriam sido indicados pelos Edis.

A negociação envolvendo nome da vereadora Valnéria está causando grande dor de cabeça ao chefe do executivo, pois segundo consta a titular da pasta da Educação não quer deixar a secretaria e prefere não votar a favor do prefeito, caso volte à Câmara, temendo ficar “queimada” com seus eleitores e com a população em geral. Na verdade, na atual conjuntura, qualquer vereador que ficar do lado do prefeito Marinho está praticamente enterrando a sua carreira política. Quanto ao vereador Ronaldinho, que está desenvolvendo um bom trabalho à frente da residência do DER em Machadinho, não pretende deixar o cargo que o está promovendo politicamente para ter que votar contrário ao afastamento do prefeito. Ronaldinho teria declarado que não pretende voltar e que o vereador João Aylton é totalmente capaz e responsável pelo seu voto. Por outro lado o vereador Merenda já teria aceitado a negociação e irá voltar já na segunda-feira para a Câmara. O prêmio oferecido ao vereador seria a garantia de indicar o secretário e demais cargos importantes na Saúde. Com isso o vereador, que sonhava  em ser secretário e que responde interinamente pela secretaria, teria que abortar seu projeto já que nem chegou a ser efetivado em razão da insistência do prefeito em manter no cargo a secretaria licenciada Katchuska Samarony.

Entre os diversos conchavos também estaria a garantia da indicação, pelo vereador Reginaldo do Esporte (PTB) de pessoas para a diretoria de esportes e para pelo menos mais dois outros cargos. Com os acordos o prefeito espera garantir ao menos seis votos, que seriam suficientes para derrubar qualquer pedido de afastamento.

Os outros votos que iriam garantir a permanência do prefeito no cargo seriam dos vereadores: Eustácio Salomão (PSL) e Jorge Ronconi (PV). Ambos votaram contrário a instauração da PCI. O vereador presidente Lourival Pereira só vota caso haja empate, mas o prefeito conta com o seu voto, caso necessário. Até o momento não se fala nos vereadores João do Bec (PDT), Valdeci Furtado (PT), Cirilo Guedes (PMDB), ausente na última votação e José Roberto (PTB). Já os suplentes: João Aylton, Messias Fernandes e Flávio Leite deixariam os cargos e seriam considerados cartas fora do baralho.

A sugestão de afastar o prefeito do cargo, sob a alegação de não atrapalhar os trabalhos de investigação, foi proposta pelo vereador João do BEC (PDT), em pronunciamento na sessão que instaurou o procedimento investigativo. Naquela oportunidade o presidente da Casa, Lourival Pereira (PTB) informou que o pedido deveria ser feito via documento formal. Nossa reportagem não conseguiu apurar se o vereador protocolou o pedido. Caso seja efetivada a votação o prefeito Marinho poderá ser afastado do cargo e irá assumir durante o período o vice-prefeito Celso Coelho (PMDB).

A situação do vice-prefeito é delicada, com a adesão dos vereadores do seu partido, o PMDB, à CPI que investiga os desmantelos na administração, Celso foi obrigado a colocar a disposição do prefeito a secretaria de obras e agora deverá tomar uma posição política em relação as atitudes do chefe do executivo. Com isso fica praticamente decretado o “racha” e o corte do cordão umbilical do PMDB com a atual administração, fato este que pode pesar de forma catastrófica na decisão do futuro político do prefeito Marinho.

Os bastidores políticos estão fervendo, as negociações estão acontecendo e as peças se movimentam rapidamente. A preocupação do prefeito em tentar se manter no cargo a qualquer custo pode sair mais caro do que ele imagina. Primeiro que a autonomia em governa já foi pro espaço, depois que as consequências destes atos podem protelar por algum tempo porém não eximirá o prefeito de responder por possíveis atos ímprobos. Mesmo que o prefeito consiga se livrar da ação da Câmara de vereadores ainda resta os processos que estão sendo investigados pelo Ministério Público. O MP têm demonstrando que não irá tolerar desmantelos com os recursos públicos.

Por fim, independente do resultado  conseguido pelo prefeito nas negociações com alguns vereadores, quem vai sair perdendo mais uma vez será Machadinho. Com a cidade totalmente abandonada pela administração atual e em meio a grave crise instaurada na gestão pública municipal quem deverá arcar com o ônus de tudo isso será o cidadão. Caso se concretize as negociatas a conta certamente ficará muito cara e alguém terá que pagá-la.

Comentarios